Quando Fernanda tinha 6 anos, passava as tardes entre barras, saltos e acrobacias. Era ali, no tablado de ginástica do clube Recreio da Juventude, que ela se sentia em casa. Quase três décadas depois, quem ocupa esse mesmo espaço com o mesmo brilho nos olhos é sua filha, Lara, que também iniciou na ginástica artística com a mesma idade.

 

A paixão que uniu gerações nasceu naturalmente. Fernanda cresceu dedicada ao esporte, entre treinos diários, competições por todo o Brasil e até uma medalha conquistada no Chile. “A maior parte da minha infância foi na ginástica. Treinávamos todos os dias, inclusive aos sábados. Minhas melhores amigas eram minhas colegas de equipe”, relembra.

 

Hoje, é ela quem acompanha de perto cada pequeno progresso da filha, agora do outro lado da história. Lara, curiosa e cheia de energia, sempre se encantou pelas fotos antigas, pelas medalhas e pelos relatos da mãe. “Desde pequena eu sabia que queria tentar. A mamãe me ensina coisas em casa, treina comigo e me ajuda a melhorar”, conta.

 

Ver a filha repetir passos que um dia foram seus é, para Fernanda, mais do que emocionante. É como reviver sensações que estavam adormecidas, o nervosismo antes de entrar no tablado, o orgulho de vencer desafios, a alegria de se superar. “Me sinto voltando no tempo. Relembro minhas coreografias, os exercícios... Hoje percebo o quanto tudo aquilo exigia coragem e dedicação”, diz.

 

Mas a ginástica, para as duas, vai além do movimento. É ferramenta de crescimento, é escola de valores e é, acima de tudo, um ponto de encontro afetivo. Entre uma aula e outra, Lara aprende sobre foco, respeito e autoconfiança, e Fernanda, agora como mãe, redescobre tudo aquilo que o esporte um dia lhe ensinou.

 

Elas treinam juntas em casa, compartilham risadas nas correções de postura, vibram com cada nova conquista. O clube onde tudo acontece é o mesmo que acolheu Fernanda anos atrás. E, ainda que os tempos tenham mudado, a essência permanece: ali, a ginástica segue unindo histórias, formando pessoas e revelando vínculos que nem o tempo é capaz de apagar.

 

Neste Dia das Mães, a história de Fernanda e Lara é um lembrete sensível de que o amor pode, sim, ser passado de geração em geração, e que há sentimentos que se expressam melhor em forma de movimento.