A história de um campeão pode ser passada adiante de diversas maneiras. Para Pablo Cuevas, nascido na Argentina mas com a carreira construída defendendo o Uruguai, essa oportunidade se dá de maneira direta, no dia a dia com as futuras gerações do tênis. Aos 38 anos, o ex-Top 20 do ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) agora é técnico e está na Brasil Juniors Cup, realizada no Recreio da Juventude.

 

Cuevas teve uma carreira de grande destaque no Tênis. No simples, chegou a ser o 19º do Mundo, conquistando seis títulos no circuito da ATP, incluindo duas no Brasil Open, em São Paulo -2015 e 2016 – e uma do Rio Open, em 2016. Nas duplas, alcançou do 14º lugar, se sagrando campeão de Roland-Garros, em 2008, ao lado do peruano Luís Horna. A última partida oficial de Cuevas foi no Qualifying do Australian Open, em 15 de janeiro deste ano. A pouca distância entre o término da carreira nas quadras e o começo na nova função ainda surpreende o atleta:

 

- É uma sensação um pouco nova. Até muito pouco tempo estava jogando, mas a verdade é que vim com muita expectativa a este torneio porque me lembra muito quando eu tinha essa idade e estava passando por estes mesmos campeonatos tão importantes e divertidos como são os da Gira Cosat (Confederação Sul-Americana de Tênis).

 

O agora treinador Pablo Cuevas, traz daquilo que vivenciou em quadra muitos exemplos para passar aos jovens tenistas.

 

- Eu creio em duas coisas. Primeiro, o desejo de realmente querer ser jogador de tênis, porque é um esporte que precisa de muitas horas dentro da quadra, muitos esforços e deixar muitas coisas de lado. Depois disso, acho que é uma idade onde o resultado primordial não é sair campeão, mas estão em uma idade de aprendizagem, na qual acho que é muito importante ser bom tecnicamente, ter a maior facilidade possível para todos os estilos. E depois com isso é muito mais fácil criar um campeão, porque quando a essa idade começam a ter coisas técnicas ruins, depois é muito difícil de mudar – afirmou Cuevas, que não sente a ansiedade que alguns treinadores têm quando trocam a quadra pelo comando técnico:

 

- Eu já vivi um pouco isso com meu irmão (Martín Cuevas), vendo de fora e fui aprendendo a controlar. Hoje vejo os pais um pouco mais nervosos com o resultado, enquanto o treinador está mais preocupado no desenvolvimento e de que maneira vão encarar os desafios.

 

Na semana em Caxias do Sul, o ex-tenista teve a oportunidade de conhecer a estrutura do Recreio da Juventude, onde são realizadas as categorias 12, 14 e 16 anos da Brasil Juniors Cup. E o uruguaio ficou agradado com o que viu:

 

- A verdade é que é um clube espetacular, enorme, com facilidades para todos os esportes. Hoje fomos um pouco para a parte do vôlei e me surpreendi com a quantidade de crianças que havia jogando, de pessoas jovens ao redor do clube, e, obviamente, a quantidade de sócios, por enorme que é o clube, e realmente estamos muito cômodos. O clima não vem ajudando muito (chuva), mas graças a Deus tem uma estrutura muito bom, que eu acho que não há muitos clubes da América do Sul que tenham cinco quadras cobertas para poder continuar com o torneio. Isso ajudou muito e as quadras estão realmente boas.

 

A América do Sul segue o grande esforço para manter tenistas em lugares altos dos rankings mundiais no tênis. Agora trabalhando com os jovens, Cueva observa o grande potencial que o continente tem na modalidade:

 

- Há um “viveiro” com muitos estilos de jogo, com os jovens que jogam realmente muito bem, que sabem se mover muito bem dentro da quadra. Jogadores profissionais em jovens de 14 e 16 anos, dependendo da categoria. Também se vê como alguns se desenvolvem fisicamente primeiro que outros. Por isso tem que se dar a possibilidade de esperar desenvolverem-se um pouco para realmente demonstrar suas habilidades, porque às vezes há jogadores muito desenvolvidos que impõem uma velocidade, e para os que ainda não se desenvolveram, é muito difícil adaptar-se a isso. Mas eu acho que há atletas com muito bom nível e muito competitivos.

 

Cuevas já foi como todos os meninos e meninas que disputam a Brasil Juniors Cup no Recreio da Juventude. Agora, é um espelho para aqueles que sonham em chegar nos lugares que o uruguaio chegou.